Por: Ana Beatriz Felicio

Fazer poesia não é algo fácil. Colocar no papel o que a gente sente e vive não é para qualquer um. Grandes poetas se debruçaram sobre temas relacionados a amor, (des)amor, paixões avassaladoras ou ainda sobre os males que a alma enfrenta por não saber direito pra onde ir. O tema rende muito assunto, mas nesse post decidimos falar sobre três poetisas que usam ou usaram sua arte visando retratar problemas relacionados ao machismo, violência e questões raciais.

Rupi Kaur

Foto: Rupi Kaur – Facebook

Nascida Punjab, na Índia, a jovem de 24 anos cresceu como uma imigrante em Toronto, no Canadá, para onde se mudou aos 4 anos de idade. Começou a fazer sucesso na internet com a publicação de seus poemas e recebeu boa notoriedade por parte da crítica e público.

“Quando você estiver machucada e ele estiver bem longe, não se pergunte se você foi o bastante. O problema é que você foi mais que o bastante e ele não conseguiu carregar.”

Seu livro de estreia “Outros Jeitos de Usar a Boca” (Editora Planeta do Brasil – 2017) foi um grande sucesso pelo mundo e ficou por 40 semanas na lista de bes-sellers dos Estados Unidos. Os temas abordados por Rupi Kaur são a violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. Dona de uma delicadeza impressionante para retratar dores complexas, Rupi trás à luz assuntos que são, muitas vezes, evitados, mas que deveriam ser debatidos com mais clareza e responsabilidade.

Olha só esse vídeo feito por atrizes brasileiras recitando alguns poemas dela:

Apesar da pouca idade, Rupi consegue compreender a alma feminina  o que nos faz senti-la uma amiga ao final da leitura.

Audre Lorde (1934 – 1992)

Foto: EcoArte

Uma das referências quando o assunto é pesquisa em feminismo, Audre foi uma escritora americana-caribenha que nasceu em 1934 e faleceu em 1992 de câncer de mama.

A autora era lésbica, militante dos direitos humanos e negra. Contestava as feministas da época, dizendo que mesmo dentro do movimento, havia certa segregação, pois as mulheres brancas acabavam por oprimir as negras.

“Sentadas em Nedicks
As mulheres se agrupam antes de marchar
Conversando sobre as garotas problemáticas
Que são contratadas para libertá-las.
Uma balconista quase branca
Passa e atende os irmãos primeiro.
E as mulheres não notam nem rejeitam
Os pequenos prazeres de sua escravidão”.

É claro que a poesia de Audre reflete todos esses sentimentos. Ser mulher, negra e lésbica numa sociedade machista a fazia sentir sempre excluída e por isso, lutava pela igualdade.

Luz Ribeiro

Foto: Facebook – Luz Ribeiro

Luz Ribeiro foi mais uma das tantas meninas da periferia paulistana que conviveu com preconceito e machismo desde cedo. Negra e bissexual, estudou em escolas públicas e ano passado conseguiu um feito que a deixou em evidência no cenário da poesia de rua brasileira: foi a primeira mulher a vencer o “Campeonato Brasileiro de Poesia Falada”. Com isso, participou da Copa do Mundo de Slam de Poesias, na França.

“tenho água

nos olhos

e sal no peito

se faltar amor

lembrarei: HÁ MAR

dentro”

A poesia de Luz é repleta de críticas aos problemas da sociedade, como machismo, preconceito racial e pela luta aos direitos humanos. Ativa nas redes sociais, sua página no Facebook conta com quase 9 mil likes.

 

Em 2013 lançou seu primeiro livro,  “eterno contínuo” pelo Selo Do Burro. Atualmente participa dos projetos Slam das Minas – SP, SLAM DO 13, Poetas Ambulantes, Luz, Flores e Peixes, poesias bacantes e Cia Sóis.

E aí, quem você acha que faltou? Indica pra gente 😉