Todas às quartas-feiras o blog da Aspas e Vírgulas vai bater um papo com algum nome da literatura pra te deixar por dentro do que anda rolando na cabeça de quem trabalha com livro. Essa semana, conversamos com a escritora paulistana Bruna Camporezi.
A Bruna é autora da trilogia de fantasia “Os Segredos de Landara” que já teve os dois primeiros livros publicados pela Editora Novo Século e caminha para o lançamento do desfecho da história.
Também pelo mesmo selo, ela já lançou “Posso te Contar uma Coisa? – O Guia da Garota Descolada”, livro que trás dicas práticas da adolescência.
Na nossa entrevista, a jovem autora fala dos maiores desafios da vida de escritora, além de contar de onde surgiu a inspiração para seus livros e revelar como andam seus próximos projetos e da participação na Bienal do Rio de Janeiro. Saca só:
Aspas e Vírgulas – Bruna de onde veio a inspiração para escrever “Os Segredos de Landara”?
Bruna Camporezi – Na verdade, tudo começou com um sonho esquisito sobre uma garota dotada de algumas habilidades especiais. Por algum motivo essa garota não saiu mais de minha cabeça e então comecei a imaginar uma história para ela. Quando sentei para escrever, as ideias começaram a surgir e tudo fazia muito sentido. Tenho costume de escrever à noite, e me lembro que, naquele dia, quase não consegui dormir, porque era só eu deitar que vinha outra ideia, então eu me levantava de novo e escrevia no meu caderno de ideias. No dia seguinte passei tudo para o computador, já criando esse novo “mundo”. Foi incrível. Decidi que seria uma trilogia pela quantidade de eventos que iam surgindo, então logo separei na minha cabeça o que estaria em cada livro. Os personagens nasceram e se relacionaram facilmente. Amo cada um deles e fiquei muito feliz de perceber que muitos leitores também se apaixonaram pela personalidade de cada integrante do grupo que se aventura em Landara.
AV – Durante a produção do segundo livro, “O Reino de Areia”, você foi até o Texas, nos Estados Unidos, para poder proporcionar ao leitor uma melhor descrição dos cenários do livro. Como foi essa experiência?
BC – Foi incrível, porque eu já estava com a estrutura do livro praticamente pronta quando fui para lá, mas precisei mudá-la totalmente depois de minha aventura. Consegui amadurecer minha personagem como jamais conseguiria se eu tivesse permanecido no Brasil durante a escrita. O clima, minhas experiências, tudo o que passei foi essencial para fazer de “Os Segredos de Landara II” o livro que é. Cresci muito e consegui estudar algumas técnicas de escrita que dificilmente temos acesso aqui no Brasil. Foi uma experiência incrível em todos os sentidos. Amei o resultado. Para mim, é essencial permanecer estudando e evoluindo em todos os sentidos, e é o que eu espero continuar fazendo.
AV – O terceiro e último livro de “Os Segredos de Landara” será lançado na Bienal do Rio de Janeiro, agora em 2017. Como anda a expectativa para o evento?
BC – Infelizmente não conseguirei lançar o livro nesta Bienal, porque perdi parte dele na atualização do Word (foi frustrante) e agora estou escrevendo todo o trabalho perdido. Eu detesto fazer duas vezes a mesma coisa, então estou sofrendo para correr atrás desse prejuízo. Mas sei que vai valer a pena quando eu estiver com o livro em mãos. Apesar disso, estarei na Bienal 2017 e estou muito animada! Rever meus leitores é simplesmente fantástico e tenho leitores maravilhosos no Rio de Janeiro. Tenho certeza que o carinho deles vai amenizar minha frustração por ter perdido parte do trabalho.
AV – E agora falando um pouco sobre o seu outro livro “Posso te contar uma coisa? – O Guia da garota descolada”, você escreveu os conselhos baseados em sua própria experiência na adolescia?
BC – Para escrever este livro eu precisei pesquisar bastante. Li diversos livros de linguagem corporal e sobre adolescentes para saber exatamente como ajudar garotas dessa idade. Conversei com alguns psicólogos e fiz pesquisas com adolescentes de um colégio, conversando com eles para saber aquilo que se passa na mente deles. Então gostei muito do trabalho final, porque é um livro de ajuda prática. Obviamente, adoraria ter lido este livro quando eu enfrentava os mesmos problemas na adolescência, por isso acredito ser um livro muito especial para quem está nessa época da vida.
AV – Você ainda era bem jovem quando o primeiro livro da trilogia foi publicado. Em sua opinião, quais os maiores desafios de ser uma escritora no Brasil hoje?
BC – Ser escritor no Brasil não é nada fácil. Eu diria que é quase impossível! (Risos). É preciso amar muito esta área para continuar batalhando. Parece que nadamos contra uma forte correnteza. Não temos o apoio de editoras e livrarias tradicionais, que ainda apelam para o estrangeiro, então obviamente não temos o apoio de muitos leitores que ainda têm preconceito com o livro nacional. Mas esta é uma luta que apenas começou, então posso dizer que tivemos um grande avanço de uns anos para cá. Quando comecei, dificilmente ouvíamos falar de escritores nacionais. Hoje já temos diversos deles! E isso é muito bom, pois significa que mais pessoas estão vindo para nosso lado, assim como muitas editoras também abraçaram nossa causa. Mas ainda há muito campo para melhoria e vamos continuar lutando.
“Ser escritor no Brasil não é nada fácil. Eu diria que é quase impossível! (Risos). É preciso amar muito esta área para continuar batalhando. Parece que nadamos contra uma forte correnteza”.
AV – Quais são seus projetos futuros? Vem mais livro por aí?
BC – Antes de qualquer coisa, vou terminar Landara e trabalhar em cima da trilogia para conquistar cada vez mais leitores. Amo esta trilogia e espero trabalhar bastante em cima dela. Depois disso tenho projeto para mais dois livros independentes que pretendo lançar nos próximos anos. Minha cabeça está sempre trabalhando, mas o que falta é tempo mesmo!
Obrigada pela oportunidade de ter esta conversa com vocês. É um prazer para mim!