Livro: Prisioneiras
Autor: Drauzio Varella
Editora: Companhia Das Letras
Páginas: 232
Edição: 2017/1
Prisioneiras é o terceiro e último livro da trilogia de histórias sobre o trabalho voluntário que o Dr. Drauzio Varella realiza há mais de 28 anos nos presídios de São Paulo.
O primeiro livro, Estação Carandirú (Companhia das Letras ), lançado em 1999, devorei ao auge dos meus 14 anos. Achei aquilo um máximo! Um médico descrevendo com maestria o que acontecia dentro de um dos presídios mais populosos e perigosos de que já havia ouvido falar.
Li em 3 dias! Não conseguia parar de ler e a cada cena sangrenta ficava querendo ler mais e mais.
Quando lançaram o filme fiquei impactada com as cenas que minha imaginação não havia conseguido atingir.
Lembrando que em 1992, o mesmo Caranduirú passou por um massacre que deixou mais de 100 presos mortos e as fotos da cobertura da revista Veja ainda estão em minha memória. Foi horripilante.
o Segundo livro, Carcereiros (Companhia das letras), lançado em 2012, ainda não li e não vi a série, pois gosto de ler antes de ver qualquer dramartugia. Ele já está aqui, completando minha coleção, e como eles são histórias independentes tudo bem ler fora de ordem.
Prisioneiras, último livro, não fugiu a regra de ser devorado em menos de uma semana. Eu gosto de suspense policial e por isso minha leitura acaba sendo mais crítica que em releção a outros gêneros, e mesmo sabendo que este livro não tem nada de ficção, ele é um perfeito suspense policial.
Drauzio Varella tem maestria em descrever cenas e amarra cada uma delas com muita perfeição. Descreve a vida das presas e intercala com suas histórias pessoais os acontecimentos que as levaram ao cárcere. Por não ser uma história cronológica, essa junção de fatos é dificil de ser feita sem que se parece crônicas, por exemplo, e Drauzio consegue fazer com tamamha destreza que você mesmo monta uma cronologia ficcional.
As histórias são pesadas e nos fazem refletir sobre várias questões sociais e morais. A periferia, por vezes tão distante da nossa realidade, é um universo enigmático e no caso das mulheres, mais da metade estão ali por tentarem ajudar seus compnheiros que já estavam presos.
O machismo impera nesse universo e o abandono pelas famílias e conjuges são inivitáveis quando o preso é uma mulher; se for um homem não será desamparado.
A leitura é recomendada não só porque está extremamente bem escrito, mas porque a narrativa te trará uma nova perspectiva de um universo tão recriminado e abandonado pelo Estado e população.